Atraentes, modernos e perigosos: os riscos dos cigarros eletrônicos e do tabagismo
Eles chegaram com uma promessa tentadora: a de serem uma alternativa mais segura ao cigarro tradicional. Coloridos, com sabores que vão de menta a chocolate, e um design que lembra gadgets de última geração, os cigarros eletrônicos têm conquistado um público jovem e descolado. Mas não se engane pela aparência. Sob essa fachada, escondem-se perigos que podem comprometer seriamente a saúde. No Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado em 29 de agosto, o Blog Viva + traz informações sobre os perigos dos vários tipos de cigarro.
Embora possam parecer menos prejudiciais do que os cigarros tradicionais, os cigarros eletrônicos, também conhecidos como vapes, estão longe de ser inofensivos. “Eles liberam mais de 80 substâncias nocivas, incluindo nicotina, metais pesados e compostos orgânicos voláteis, que são prejudiciais à saúde”, alerta Gabriela Patrus, pneumologista do Hospital Orizonti. “Além de causar dependência, essas substâncias podem danificar as células pulmonares, reduzir a imunidade das vias aéreas e até aumentar o risco de câncer.” É como se o usuário estivesse inalando um coquetel de produtos químicos, muitos dos quais podem ter efeitos devastadores a longo prazo.
Não é só o pulmão que sofre com o consumo dos cigarros.A fumaça do cigarro contém uma mistura de partículas e gases tóxicos que afetam quase todos os sistemas do corpo. Fumar é a principal causa de doenças como câncer de pulmão, doenças cardiovasculares e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Além disso, o fumo passivo também representa riscos significativos para não fumantes, incluindo crianças e bebês, que são mais vulneráveis aos efeitos tóxicos da fumaça. De acordo com Gabriela, o tabagismo é a principal causa de doenças evitáveis, cerca de 50 enfermidades incapacitantes e fatais.
“O tabagismo é a principal causa de câncer de pulmão. A fumaça do cigarro contém carcinógenos que danificam o DNA das células pulmonares, levando ao crescimento descontrolado das células e à formação de tumores. Também está ligado ao aumento do risco de cânceres de boca, garganta, esôfago, laringe, bexiga, rim e pâncreas”, explica. A pneumologista ainda reitera que fumar contribui para a formação de “placas” nas artérias (aterosclerose), aumenta os níveis pressóricos e eleva o risco de doenças cardiovasculares, como infarto do miocárdio, AVC e doença arterial periférica.
O tabagismo é mais do que um problema individual; é uma questão de saúde pública. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2023, ele é responsável por cerca de 160.000 mortes por ano no Brasil, sobrecarregando o sistema de saúde e prejudicando a economia devido ao aumento dos custos com tratamentos e hospitalizações. “O fumo impacta a qualidade de vida e a longevidade, além de reduzir a produtividade e aumentar os custos médicos. Fumantes vivem em média 10 anos a menos do que não fumantes”, alerta Gabriela.
Como abandonar o vício?
Parar de fumar é um desafio, mas é uma decisão muito importante para melhorar a saúde e a qualidade de vida. Gabriela destaca que existem tratamentos eficazes que combinam apoio comportamental e suporte medicamentoso. “Programas de cessação do tabagismo, como aconselhamento estruturado e apoio médico com medicamentos, como a bupropiona e a reposição de nicotina por meio de adesivos ou gomas de mascar podem ser muito eficazes para ajudar os fumantes a vencer o vício”, recomenda.
A Cemig Saúde oferece aos beneficiários a Linha de Cuidados contra o Tabagismo. O Conexão Saúde atua diretamente na abstinência tabágica (que inclui a cessação do tabagismo e a prevenção de recaída), por meio de intervenções cognitivas, treinamento de habilidades comportamentais e tratamento farmacológico (a exceção de situações especiais). Mantenha as consultas de rotina com a sua equipe de referência no Conexão Saúde e converse com seu médico sobre o desejo de parar de fumar.
Abandonar o cigarro, seja ele tradicional ou eletrônico, é a melhor decisão que uma pessoa pode tomar para garantir uma vida mais saudável e longa. A curto prazo, nos primeiros dias, a pressão arterial e a frequência cardíaca voltam ao normal, a capacidade de sentir cheiros e sabores melhora. Nas semanas seguintes, há redução da falta de ar, da tosse, e melhora na capacidade de exercícios. Entre um e dois meses, o sistema imunológico começa a se recuperar e o risco de infecções diminui. Após um ano, o risco de doenças cardíacas é reduzido pela metade em comparação com o de um fumante.
Após 5 anos, o risco de câncer de boca, garganta, esôfago e bexiga diminui pela metade, e após 10 anos essa redução ocorre com o risco de câncer de pulmão. O risco de morte por câncer de pulmão também diminui significativamente.
Após 15 anos, o risco de doença cardiovascular é semelhante ao de alguém que nunca fumou. O risco de infarto do miocárdio e AVC é reduzido a níveis de não-fumante.
“Parar de fumar pode adicionar anos à sua vida. Estudos mostram que ex-fumantes podem viver mais tempo do que aqueles que continuam fumando, especialmente se pararem antes dos 40 anos”, finaliza Gabriela.