Desafios e cuidados: arboviroses no Brasil

O forte calor registrado em 2023 alerta para uma projeção no aumento dos casos de arboviroses para 2024. Com a combinação entre calor e chuva intensos – possíveis efeitos do El Niño – conforme aponta a Organização Mundial da Saúde (OMS), a expectativa é que o número de criadouros dos causadores dessas doenças aumente.
Arboviroses são um grupo de doenças virais transmitidas principalmente por mosquitos, em particular, o Aedes aegypti. Os mosquitos tornam-se portadores do vírus ao picar uma pessoa infectada e, subsequentemente, transmitem o vírus para outras pessoas por meio de suas picadas. Dentre as arboviroses mais conhecidas, destacam-se a dengue, zika e chikungunya, elas se diferem em relação a alguns sintomas e evolução durante o curso da doença.
Sintomas
A dengue tem como principais sintomas: febre alta > 38°C, dor no corpo e articulações, dor atrás dos olhos, mal-estar, falta de apetite, dor de cabeça e manchas vermelhas no corpo.
Já na chikungunya, ocorre febre alta de início rápido, dores intensas nas articulações dos pés, mãos, tornozelos e pulsos, pode ocorrer ainda dor de cabeça, dores nos músculos e manchas vermelhas na pele.
Em casos de zika é mais comum febre baixa (≤38,5 ºC) ou ausente, exantema com prurido (vermelhidão na pele associada a coceira), conjuntivite, dor de cabeça, dor muscular e nas articulações.

Quando buscar orientação ou assistência médica?
A médica da Família e Comunidade do Conexão Saúde Santa Efigênia, Maria Thercília Sarmento Darioli, explica que em todos os casos em que há suspeita, é importante buscar ajuda profissional nas clínicas do Conexão Saúde ou no Conexão Saúde Virtual.
“É necessária uma avaliação médica para definir a melhor conduta para cada caso. O tratamento, normalmente, se baseia em medicações para aliviar os sintomas, como antitérmicos para a redução da febre, analgésicos para alívio da dor e antieméticos para o controle das náuseas e vômitos. Principalmente nos casos de dengue é indicado reposição volêmica, ou seja, hidratação vigorosa oral ou venosa”, explica Maria Thercília.
Muitas pessoas têm dúvidas sobre como distinguir os sintomas das arboviroses de outras doenças comuns, como um resfriado ou gripe. Maria Thercília explica que as arboviroses não apresentam sintomas gripais, como tosse, coriza, dor de garganta e obstrução nasal. Os principais sintomas são febre, dor muscular e articular e, no caso da zika, vermelhidão na pele associada à coceira. Gestante, crianças e idosos têm maiores riscos de desenvolver complicações pela doença. Os riscos aumentam quando o indivíduo tem alguma doença crônica, como asma brônquica, diabetes mellitus, anemia falciforme, hipertensão, além de infecções prévias por outros sorotipos. Todavia, todas as pessoas que contraem dengue, zika ou chikungunya precisam levar a sério os cuidados e o tratamento.
Prevenção
O controle das arboviroses é desafiador e requer esforços coordenados, incluindo medidas de prevenção. Em meio à projeção do aumento dos casos, é fundamental compreender que a prevenção depende da colaboração de cada indivíduo para eliminar os criadouros dos mosquitos e evitar água parada em sua residência.
As medidas são simples e podem ser implementadas na rotina. O Ministério da Saúde sugere que a população faça uma inspeção em casa pelo menos uma vez por semana, com o objetivo de eliminar os focos de criadouros dos mosquitos. O uso de repelentes e de telas em janelas também são recomendados. Além disso, é importante não descartar lixo em terrenos baldios, pois o acúmulo de resíduos facilita a proliferação de mosquitos.

“O controle mais efetivo da proliferação do mosquito é a manutenção ambiental, principalmente nas residências, para isso é necessário verificar o telhado, as calhas entupidas, piscina, garrafas, pneus e demais itens que possam acumular água e se tornar criadouros do transmissor. Mesmo em lugares que necessitem de armazenamento de água é importante não deixar os reservatórios destampados”, enfatiza Maria Thercília.
Vacina da dengue
Uma notícia alentadora neste cenário é a incorporação da vacina contra a dengue ao Programa Nacional de Imunização (PNI), uma estratégia fundamental para conter a propagação da doença.
O Brasil foi o primeiro país a disponibilizar no sistema público de saúde uma vacina contra o vírus da dengue. O imunizante Qdenga entrou para o Sistema Único de Saúde em dezembro de 2023 e o estado de Mato Grosso do Sul foi o primeiro a oferecer as doses, por ser considerado área prioritária. De acordo com o Ministério da Saúde, as doses estarão disponíveis em outros estados a partir de fevereiro de 2024, atendendo a públicos e regiões específicas.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), até junho de 2023, ocorreram 2.162.214 de casos e 974 mortes por dengue no mundo. Em 2022, foram notificados 2.803.096 casos de dengue na Região das Américas, sendo a maior parte deles no Brasil (2.383.001), que também liderou a ocorrência de formas graves, juntamente com a Colômbia. A vacinação contra a dengue é um marco na batalha contra a doença, representando um importante passo para proteger a população brasileira.