Julho Verde: mês da Prevenção do Câncer de Cabeça e Pescoço

Em 27 de julho é celebrado o Dia Mundial de Conscientização e Combate ao Câncer de Cabeça e Pescoço. A data foi estabelecida pela Federação Internacional das sociedades dedicadas ao tratamento da doença. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), apenas em 2024 é estimado o aparecimento de 39.550 novos casos deste tipo de câncer no Brasil, juntamente com os casos da doença na tireoide, laringe e boca.
Devido à data, toda a área da saúde realiza a campanha Julho Verde, mês em que diversas ações de prevenção e detecção ao câncer de cabeça e pescoço são estimuladas. Quando descoberta no estágio inicial, a doença tem 90% de chance de ser curada, segundo a Dra. Lílian Freitas de Oliveira Carneiro, Oncologista Clínica do Instituto Orizonti/Oncomed e Coordenadora do Grupo Multidisciplinar de Câncer de Cabeça e Pescoço.
O que é o Câncer de cabeça e pescoço?
A doença ocorre quando há o desenvolvimento de tumores malignos, ou seja, com capacidade de crescimento desordenado, que acometem órgãos da região da face e do pescoço. “São tumores que surgem na boca, orofaringe, laringe (local das cordas vocais), nariz, seios nasais, nasofaringe, órbita, pescoço, tireoide, couro cabeludo, pele do rosto e do pescoço”, afirma a Dra. Lílian Freitas.
Fatores de risco e prevenção
Segundo a especialista, o tabagismo (consumo de cigarro e derivados) é um dos principais fatores de risco que aumentam a chance do aparecimento do câncer de cabeça e pescoço. Quando aliado ao consumo excessivo de bebidas alcoólicas, o tabagismo está ligado à 75% dos casos da doença. Por isso, não fumar é um dos principais passos para a prevenção deste câncer, assim como evitar o consumo em excesso de bebidas alcoólicas.
A infecção pelo vírus do HPV, papilomavírus humano, que é transmitido sexualmente, é um dos causadores do câncer da região oral e da faringe. “Se vacinar contra o vírus é um dos caminhos para a prevenção. A vacina está disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para meninas de nove a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos”, recomenda Dra. Lílian Freitas. Além disso, o uso de preservativo, inclusive no sexo oral, é recomendado.
Falta de cuidados com a saúde bucal contribuem para o aumento das chances de desenvolver câncer na cavidade oral. O uso de próteses dentárias mal adaptadas também é um fator de risco, pois pode causar feridas crônicas na região. Por isso, manter uma boa higiene bucal e ir ao dentista semestralmente é uma boa forma de prevenção.
Sintomas e sinais de alerta
Os sinais e sintomas do câncer de cabeça e pescoço variam de acordo com a região afetada. Eles podem ser:
- Feridas na boca que não cicatrizam dentro de 15 dias;
- Manchas brancas ou avermelhadas na boca, que podem ser acompanhadas de dor e sangramento;
- Nódulo (“caroço”) na região do pescoço, que pode ser sentido ao apalpar;
- Dor de garganta que não melhora em 15 dias mesmo com o uso de anti-inflamatórios e antibióticos receitados após avaliação médica;
- Dificuldade ou dor para engolir;
- Rouquidão e/ou alteração na voz por mais de 15 dias;
- Dor no ouvido;
Ao perceber alguns destes sintomas ou sinais, é importante procurar orientações médicas para que o caso seja investigado com os procedimentos adequados. “A avaliação do cirurgião de cabeça e pescoço é imprescindível. Para confirmar o diagnóstico, deve ser feita uma biópsia – exame que remove uma parte ou toda a área suspeita para analisar se há células cancerígenas”, reforça a Dra. Lílian Freitas.
A especialista também aponta que outros exames podem ser utilizados para o diagnóstico, como ultrassonografia, tomografia computadorizada, ressonância magnética e PET-TC.
Tratamentos do Câncer de cabeça e pescoço
O tratamento é definido considerando a região atingida, extensão da doença (estadiamento) e saúde geral do paciente, como presença de doenças crônicas e estado nutricional. Os procedimentos podem incluir:
- Cirurgia: remove a área afetada com as células cancerígenas. Em alguns casos, podem ser feitas as cirurgias robóticas e a endoscópica. Essas técnicas permitem uma maior precisão durante a cirurgia e menor morbidade, podendo evitar cicatrizes e garantir uma recuperação mais rápida do paciente.
- Radioterapia: é outra modalidade de tratamento do câncer de cabeça e pescoço. Ela pode ser utilizada de diferentes formas para o tratamento: empregada isoladamente em casos de tumores iniciais; associada a quimioterapia, sobretudo em tumores avançados de orofaringe e laringe; ou como tratamento complementar à cirurgia.
- Tratamento com medicamentos: nestes casos, pode ser feito o uso da Quimioterapia, Imunoterapia e Terapia-alvo como forma complementar à cirurgia (antes ou depois intervenção) e da radioterapia. Os medicamentos ajudam a eliminar ou impedir a multiplicação de células cancerígenas, principalmente em áreas que não podem ser removidas com a cirurgia. Em casos de tumores avançados, podem ajudar no controle de sintomas.
“No tratamento do câncer de cabeça e pescoço, é mandatário o apoio de uma equipe multidisciplinar com várias especialidades (nutrição, fonoaudiologia, fisioterapia, odontologia/estomatologia, psicologia, serviço social) que atuam na prevenção e reabilitação de situações e toxicidades relacionada à doença e ao tratamento. Outra estratégia importante para a eficácia do tratamento é conscientizar e agir de forma a prevenir e diagnosticar precocemente o câncer de cabeça e pescoço”, salienta a Dra. Lílian Freitas.
Faça sua parte, consulte seu médico regularmente e vá ao dentista semestralmente. Não ignore os sintomas para evitar possíveis diagnósticos tardios.