Médico de Família: acompanhamento por toda a vida

Você sabe o que faz o Médico de Família, também conhecido como Médico de Referência? Neste post, entrevistamos o Médico de Família e Comunidade do Conexão Saúde Barro Preto, Felipe Magalhães. Confira!
O que é um Médico de Família?
Um Médico de Família é um profissional especialista em trabalhar na Atenção Primária à Saúde (APS). Isso quer dizer que é um médico que está habilitado a fazer o acompanhamento das pessoas longitudinalmente, ou seja, ao longo do tempo e à medida que os problemas surgem.
Esse profissional acaba conhecendo a pessoa como um todo e não faz restrição por sistemas, como cardiovascular, nervoso, entre outros. O Médico de Família faz uma transição pelos problemas mais comuns de todas as especialidades. Ele também não faz discriminação por faixa etária e tem capacidade para atender crianças, jovens, adultos e idosos. Existe uma falsa ideia de que o Médico de Família faz apenas triagem, mas, não: ele tem capacidade de resolver quase 85% dos problemas de saúde do paciente.
Médico de Família x Clínico Médico
Diferentemente do Médico da Família, o Clínico Médico não é especialista na Atenção Primária à Saúde (APS). A APS trabalha com alguns atributos essenciais, como o acesso, a garantia ao acompanhamento médico por toda a vida, a abordagem centrada na pessoa e a coordenação do cuidado ao longo da rede.
O Médico de Família trabalha no nível ambulatorial com os problemas mais comuns, pois apenas a minoria dos problemas de saúde chega ao nível hospitalar. Para exemplificar, um estudo acompanhou 1.000 pessoas ao longo de um mês. Do total, 800 vivenciaram algum sintoma. Dessas 800, apenas 327 consideraram a possibilidade de procurar um médico, enquanto as demais resolveram o problema de outra forma. Dessas 327, 113 buscaram a atenção primária e tiveram contato com o Médico de Família e Comunidade, 34 foram para um hospital (seja ambulatorial ou pronto-atendimento) e apenas 1 foi para um hospital universitário.
Os adoecimentos são diferentes, a experiência de viver a doença é outra. A visão da clínica médica é totalmente distinta do Médico de Família, justamente porque ele tem o treinamento em contextos diferentes. São trabalhos complementares e ambos os profissionais são fundamentais.
Quais doenças o Médico de Família trata?
O Médico de Família não trabalha com a categorização de doenças, ele perpassa todas elas. Vai tratar sozinho quando as doenças estão nos estágios iniciais, sem complicações, sem lesões de órgãos alvo.
Quando as complicações existem, o médico de família passa a contar com o apoio dos especialistas focais. Uma pessoa que tem hipertensão sem complicações (infarto, AVC), por exemplo, pode ser acompanhada somente pelo Médico de Família. Porém, se apesar das ações de prevenção ela infarta, o cardiologista passa a trabalhar de forma complementar com o Médico de Família. É um trabalho em equipe.
Como é a atuação com as demais especialidades?
É impossível um Médico de Família saber sobre tudo. No entanto, ele possui um grande conhecimento específico sobre as áreas, sendo uma especialidade que é complementar das especialidades mais focais. Por isso, quando necessário, o Médico de Família dialoga com especialistas que refinam o diagnóstico e tratamento.
Mas a avaliação inicial, que envolve entender o que está acontecendo e fazer o redirecionamento para um especialista, pode e deve ser feita pelo Médico de Família. Ele tem um papel muito importante na coordenação do cuidado. Quando um paciente precisa estar com muitos especialistas, o Médico de Família fica como um pivô, fazendo os atendimentos iniciais e a ponte entre as equipes.
Como o médico de família pode melhorar a qualidade de vida dos beneficiários da Cemig Saúde?
A formação do Médico de Família valoriza muito a comunicação clínica. Para que a relação a longo prazo flua bem, o médico precisa entender o paciente e suas expectativas para poder delinear o plano terapêutico singular ideal para aquela pessoa.
Como o Médico de Família estabelece essa relação a longo prazo, as ações de prevenção e promoção à saúde são maiores, conseguindo atuar antes que os problemas aconteçam. Às vezes, a pessoa está tratando um problema da pressão e, durante esse processo, é identificado um risco do estilo de vida que pode gerar um problema ortopédico, e isso antes que o problema ortopédico exista. Neste caso, em um acompanhamento para o coração, o profissional tem a oportunidade de trabalhar em outras prevenções durante a consulta, seja para a saúde ortopédica, vacinação, entre outras frentes.
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